Ouro Preto respirou criatividade e histórias de resistência durante a realização do “Hackathon Desafio: Mentes Criativas”, no Hub de Inovação Francisca Mina do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG). O evento, que aconteceu entre a última sexta-feira (29/08) e o último domingo (31/08), reuniu empreendedores, acadêmicos e a comunidade em torno de um objetivo comum: criar projetos que fortalecem a economia local por meio da inovação, da tecnologia e do afroempreendedorismo.
Promovido pela Prefeitura de Ouro Preto, em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA) e o IFMG, os quatro trabalhos apresentados foram premiados e serão colocados em prática pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia, que está à frente da ação. “Estamos ajudando pessoas a mudarem não só suas realidades, mas também o futuro da nossa cidade”, ressaltou o secretário Felipe Guerra.
Inspiração e representatividade
A abertura do Hackathon contou com uma mesa inspiradora, que deu voz a trajetórias de afroempreendedores e artistas. Participaram a vice-reitora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Roberta Froes; o estilista Emerson Maloca, fundador da Malocas Moda; a rapper, produtora cultural e filósofa Maju; e a chef de cozinha Nayara Cristina.
Depois, os participantes se dividiram em equipes e desenvolveram projetos a partir de cinco eixos: Turismo Sustentável e Inclusivo; Economia Criativa e Cultura Afro-Brasileira; Agricultura Familiar e Segurança Alimentar; Tecnologia e Inovação para Negócios Afroempreendedores; e Economia Circular e Sustentabilidade. Durante dois dias intensos, eles contaram com o apoio de mentores, que ofereceram orientação estratégica, feedbacks e incentivo à criatividade.
Reflexão e resultado
No domingo, as equipes apresentaram as propostas para a banca de jurados, composta pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia, Felipe Guerra; pelo secretário de Desenvolvimento Social e Cidadania, Edvaldo Rocha; pela gerente da agência Sicredi Ouro Preto, Luana Karine; e pelo professor do Centro Educacional Ouro Preto, Marcelo Santos.
O projeto de maior destaque foi uma rede de apoio e formação para negócios de impacto liderados por mulheres negras, denominado “Pretas no Corre”. As vencedoras receberam o valor de R$ 3.300 e ganharam uma mentoria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Esse prêmio é uma resposta para muitas mulheres negras que não acreditam no próprio trabalho. Nós temos potência, temos força, e essa vitória mostra que podemos transformar tristeza em conquista”, celebrou Aline Silva, idealizadora do projeto ao lado de Amanda Silva.
O segundo lugar ficou com a criação de uma horta comunitária de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) e oficinas culinárias, chamado de “Raízes, horta ancestral e sabores de resistência”. O valor do prêmio foi de R$ 2.200. A produção artesanal e curadoria de técnicas manuais afro-brasileiras e indígenas “Chica Mina” ficou com a terceira posição e R$ 1.100 de prêmio. O “Black Gold Project”, que propõe um grupo de imersão em inglês a partir de narrativas ouro-pretanas, ocupou a quarta posição.
Os idealizadores dos quatro projetos terão acesso ao Expofavela 2026, em Belo Horizonte. “Foi uma experiência transformadora, porque todo mundo saiu vencedor. A emoção de ver as ideias tomando forma mostra que o trabalho coletivo vale a pena”, destacou Luiz Viana, diretor de Economia Criativa e Solidária da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Para o coordenador da CUFA Ouro Preto, Alexandre Almeida, o evento também ampliou a visão de tecnologia dentro das comunidades. “Muitas vezes a tecnologia chega à periferia apenas pelo entretenimento. Aqui, mostramos que ela também pode ser caminho para conhecimento, formação e inclusão. Esse é um passo muito importante para a comunidade de Ouro Preto”, ressaltou.
Saiba mais
O Hackathon nasceu do projeto “Desafio: Mentes Criativas”, que busca diversificar a economia da região ao estimular soluções tecnológicas, modelos de negócios sustentáveis e práticas inovadoras. As inscrições foram abertas para afroempreendedores cadastrados na Rede Integrada dos Micro e Pequenos Afroempreendedores de Ouro Preto (Rimpa-OP), garantindo representatividade e protagonismo.
Foto: Isabel Almeida / Divulgação